Mostra

“O gotejo de ondas sustentadas em pedaços sem tinta do céu não me salga mais, pois qualquer doce em mim já é poça”

Essa foi a nossa metáfora para o trabalho para a Mostra Literária de 2018, que ocorreu no dia 10 de novembro. A exposição tinha, como tema, a própria poesia, e por isso nossos professores de Estudos Literários e Língua e Produção definiram que a nossa proposta deveria ser lírica: a ideia era fazer uma metáfora baseada em uma fotografia. Além disso, tínhamos a opção de produzir um poema que inserisse nossa metáfora.

Basta o mar pingar para eu pingar de volta

E no meu derreter eu me protejo

Do gotejo de ondas sustentadas

Em pedaços sem tinta do céu

Que já não me salga mais

Pois no meu derreter

Qualquer doce em mim vira poça

 

No meu derreter eu vejo

Mas pouco adianta ver e olhar pra cima

Se os sais seguem cegando

E se existe esperança  velada

Devemos acha-lá pelo som

Pois não a sinto de outro modo

A foto que escolhemos já existia previamente (as imagens estarão todas disponibilizadas no final do post), mas decidimos usá-la pois sentimos que ela era muito lírica. A ideia da metáfora surgiu da expressão “eu não sou feito de açúcar”, dita quando alguém não quer se molhar, uma vez que açúcar se dissolve na água. Entretanto, existe outro elemento que é conhecido por estragar o açúcar: o sal. A ideia da metáfora é que uma chuva de amarguras não afeta mais o eu lírico pois ele já dissolveu sua prórpia doçura.

Desenvolver o trabalho foi muito interessante pois incentivou uma maneira de escrita com a qual não entrávamos em contato há muito tempo. Nem mesmo a Júlia, que gosta de escrever, tinha feito algum poema em um período próximo. Poder ver outros trabalhos, dos nossos colegas ou de outros anos, foi mais interessante ainda, pois a mostra estava absolutamente incrível. As metáforas, poemas, imagens e minidocs produzidas pelo segundo ano estavam disponibilizadas no térreo, e tivemos, assim a chance de admirar trabalhos sensacionais de nossos colegas e apreciar o esforço que sabemos que eles tiveram.

De modo mais amplo, o tema poesia estava integrado no espaço com cartazes líricos, que incluiam citações e definições sobre o universo poético. Muitas delas falavam, inclusive, sobre a relação entre a juventude e a poesia, especialmente a área que cercava os trabalhos do primeiro fundamental, o que foi bem bonito de ver, especialmente dado que o nosso processo nos permitiu ver as influências que as crianças têm nos adultos. Entretanto, tivemos a oportunidade de enxergar esse efeito em um sentido mais político; ver o sentido artístico foi um tanto aliviante.

Os trabalhos do segundo fundamental foram, por sua vez, mais próximos ao que estudamos no Mobile na Metrópole, tendo um viés mais político e intenso. O oitavo ano produziu cartazes sobre o caos da cidade – que poderiam muito bem ter sido feitos como trabalhos desse projeto -, enquanto o nono ano produziu cartazes e textos sobre a imigração e o método violento com a qual ela é abordada. Alguns deles eram extremamente chocantes e tocantes, e nos encheu de orgulho saber que assuntos tão relevantes estão sendo tratados desde cedo. Tão cedo que até mesmo alguns trabalhos do sexto ano nos surpreenderam – bordados com frases e desenhos.

Outra parte essencial da mostra foi a venda de livros, que reforça o incentivo por parte da escola a expor crianças à cultura, como se um evento como esse já não fosse uma exposição que, infelizmente, aborda mais cultura que muitas crianças entram em contato ao longo de toda a vida escolar. Os livros variavam entre si, conferindo à venda um amplo espectro de adequação. Encontrava-se, ali, livros essencialmente infantis até livros que poderiam ser apreciados por adultos.

Sabemos que essa etapa do nosso trabalho não foi, exatamente, do Móbile na Metrópole, mas por estarmos trabalhando uma última vez nesse grupo que adoramos tanto, sentimos a necessidade de fazer uma despedida. A mostra acabou trazendo o material perfeito para isso, com a seguinte citação: “hoje: o ontem de amanhã ou o amanhã de ontem”. Nós somos o resultado de muitos “ontem”, e o projeto com certeza foi um deles. Entretanto, nos pediram que estudassem o amanhã. E quanto a isso, a única certeza que temos é que ele deve começar hoje.

A mostra foi um começo, um hoje, para muitos jovens. Assim como outros incentivos da escola. E, por isso, e por tanto mais, agradecemos todos os “ontem” que vocês nos forneceram. Esperamos um belo amanhã com eles. E que venha o que está por vir.

#todxs

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